Não deixo nem testamento
nem memória do que vi
as vozes que me habitaram
os corpos que me queimaram
não sei que sorte tomaram
nem que levaram de mim
É certo, julgamos sempre
olhar de frente o futuro
mas o que vemos é só
um braço de rio parado
muro de gruta pintado
a fazer vez de presente
António Franco Alexandre