22.3.19

Moçambique de Mia, que se chama Mia porque achava que era um gato.*

Chamo-me Imani. Este nome que me deram não é um nome. Na minha língua materna «Imani» quer dizer «quem é?». Bate-se a uma porta e, do outro lado, alguém indaga:
- Imani?
Pois foi essa indagação que me deram como identidade. Como se eu fosse uma sombra sem corpo, a eterna espera de uma resposta.
Diz-se em Nkokolani, a nossa terra, que o nome do recém-nascido vem de um sussurro que se escuta antes de nascer. Na barriga da mãe, não se tece apenas um outro corpo. Fabrica-se a alma, o moya.

Mulheres de Cinza, Mia Couto


*Mia à conversa com Anabela Mota Ribeiro




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