23.3.18

Concordância de género

Por detrás de cada grande homem,
ouvira dizer,
estava sempre uma grande mulher. Por detrás
de cada grande mulher, seria provável,
haveria sempre um grande homem.
Olhava em volta e não via nenhum,
nem antes nem após.
Ninguém para a empurrar, ninguém
atrás de quem se pudesse esconder.
Era apenas ela,
tão crua quanto a roupa que tinha despido.
Baça, suja e sem
valer o trabalho de a apanhar do chão.

(Ou talvez,
e esse seria o seu problema,
não houvesse nela nada de grande.
Nem as mãos, nem as mamas,
nem a boca, nem a cona,
nem o tempo, nem a escrita.
A mediocridade, sabia-se,
tem-se sempre a si mesma
como termo de comparação.)


/Madalena de Castro Campos, aqui/