Este palácio é obra dos deuses, pensei, antes de tudo. Explorei os desabitados recintos e corrigi: Os deuses que o construíram já morreram. Notei suas características e disse: Os deuses que o construíram estavam loucos. Disse-o, bem sei, com uma incompreensível reprovação que era quase um remorso, mais de horror intelectual do que de medo sensível. À impressão da enorme antiguidade juntaram-se outras: a do interminável, a do atroz, a do complexamente insensato.
Jorge Luis Borges