11.2.17

abismos

«Vistos de tão perto, os olhos dela pareciam-lhe aumentados, sobretudo quando ela abria várias vezes seguidas as pálpebras ao acordar; negros à sombra e azul-escuros à claridade do dia, tinham uma espécie de camadas de cores sucessivas que, mais espessas no fundo, iam clareando à medida que se aproximavam da superfície brilhante. O olhar dele perdia-se nesses abismos onde se via em miniatura até aos ombros, com o lenço que lhe cobria a cabeça e o alto da camisa entreaberta.»

Charles, o tolo apaixonado, em Madame Bovary, de Gustave Flaubert