21.2.16

Haxixe

Baudelaire faz questão de referir que, na parte do Haxixe, lhe valeu "um livro inglês excessivamente curioso (Diário de um Opiómano, de Thomas de Quincey)", e eu fico contente por reencontrar velhos amigos em casa de anfitrião tão encantador.



IV
O HAXIXE

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Eis uma composta verde, singularmente odorífera, de tal modo odorífera que provoca uma certa repulsa, como aconteceria, aliás, com qualquer odor requintado levado ao extremo da sua força e por assim dizer da sua densidade. Agarre numa porção do tamanho de uma noz, encha uma pequena colher, e estará na posse da felicidade; da felicidade absoluta com toda a sua embriaguês, todas as loucuras de juventude, e também todas as beatitudes infinitas. A felicidade está ali, sob forma de um bocadinho de compota; sirva-se sem receio, não se morre por isso; os órgãos físicos não são prejudicados. É possível que a sua vontade se torne menor, isso é outra história.

Geralmente para dar ao haxixe toda a força e desenvolvimento, é preciso dilui-lo em café muito quente, e tomá-lo em jejum; o jantar é adiado para as dez horas ou para a meia-noite; apenas uma sopa muito leve é permitida. Uma infracção a esta regra tão simples produziria ou vómitos, ou a ineficácia do haxixe. Muitos ignorantes ou imbecis que assim se comportam acusam o haxixe de impotência.

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Do Vinho e do Haxixe, Charles Baudelaire