6.12.15

No Caminho, com Maiakóvski

(...)
Na primeira noite eles se aproximam
e colhem uma flor
de nosso jardim
e não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem: 
pisam as flores,
matam nosso cão
e não dizemos nada.
Até que um dia
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a lua e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E porque não dissemos nada,
já não podemos dizer nada.
(...)

Eduardo Alves da Costa in O Tocador de Atabaque