Ser espectador de calamidades que se passam noutro país é uma experiência moderna quintessencial, a oferta cumulativa de mais de século e meio destes turistas profissionais, especializados, a que se chama «jornalistas». As guerras são agora também imagens e sons de sala de estar. A informação sobre o que está a acontecer noutro sítio, a que se dá o nome de «notícias», sublinha o conflito e a violência - If it bleeds, it leads [Se há baixas, há cachas»], reza a provecta divisa dos tabloides e dos programas noticiosos de 24 horas - que recebem em resposta compaixão, ou indignação, ou excitação, ou aprovação, à medida que cada notícia vai surgindo.
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Susan Sontag, Olhando o Sofrimento dos Outros, Editora Quetzal, 2015, p. 25