Uma última palavra. Para Keats, o desafio da poesia do futuro era «thinking into the human heart». Os cientistas deste e do próximo século sabem que a tarefa é « thinking into the human brain», pois continuamos todos sem saber porque é que o «binómio de Newton é tão belo como a Vénus de Milo». Mas como dizia o personagem do nosso Eça, certas coisas não se sabem e é preferível não se saberem. Não será melhor assim?
Ab imo corde.
João Lobo Antunes
Páscoa de 1997
[Carta a um amigo-novo (Prefácio ao livro de José Cardoso Pires, De profundis, Valsa lenta)]