2.4.16

A Morte de um Apicultor: frases soltas

suspeito que não tenho nenhum outro livro com tantos cantos dobrados...


«Notei que na cara dela havia pequenas borbulhas ou pequenas verrugas, como se tivesse tido uma estranha doença de pele, o que me fez repentinamente mudar de ideias. Apesar desta sensação, continuei a falar, e ela respondeu, conversando comigo de forma agradável e educada. Pode ser que a tenha conhecido num daqueles dias inconvenientes em que é proibido ter sexo. Ela, nas redondezas, tem fama de ser bonita.
No entanto, senti uma espécie de alívio depois daquele encontro. Ela libertou-me de uma sensação que estava a querer transformar-se uma espécie de desassossego, e de um mau hábito que tenho, que consiste em apegar-me a tudo aquilo que me atrai de forma inquietante.»


«Quando deixamos por instantes o subconsciente à solta, ele começa naturalmente a criar enredos. Cria uma identidade, adapta-se ao meio, inventa novas formas para preencher o vazio que entretanto se faz quando esquecemos a nossa vida imediata.
Não há nada pior para o subconsciente, parece, do que a sensação de não ser ninguém


«Não sei porquê, talvez por causa da minha ansiedade, mas só me interessava a sedução.
A palavra pode parecer um pouco solene, é verdade... mas tratava-se disso mesmo, sedução.
Queria provar a mim próprio que realmente existia. E isso só acontece quando exercemos efeito noutra pessoa.»


«Ainda hoje penso que ela gostava mesmo de mim, sim, quase me amava, havia pelo menos algo em mim que a fascinava. Mas também acho que nunca conheci ninguém que tivesse tanto medo de mim como ela.»