23.12.15

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E então, toda a família e toda a aldeia entravam em alvoroço, tal qual um formigueiro quando a pá destrói o montículo de terra. As mulheres atiçavam o fogo e iam buscar a melhor toalha de linho, vinho, carne-seca e ovos de conserva; deixavam a massa do pão a levedar, faziam bolos de mel e aveia e traziam das despensas os potes de grés com a compota de morangos; e as crianças, com os criados e metade da aldeia atrás, desciam a correr os perigosos trilhos ziguezagueantes, ao encontro da caravana.

O caminho era demasiado íngreme para as pesadas carroças, que eram dispensadas, e os salários pagos aos carroceiros, que, assim, podiam ir à sua vida. Depois, entre risos, gritos e milhões de perguntas feitas pelas crianças, as cargas eram divididas e levadas encosta acima por mulas ou ombros humanos. Por vezes, os tios voltavam para casa de noite, debaixo de um nevão, guiados pela luz enfumarada dos archotes; mas as crianças e toda a família sabiam da sua chegada com antecedência, e estavam sempre lá, prontos para os receber.

--Tio Mark, trouxe o xaile chinês para a Avó? Tio Emer trouxe a caixa envernizada para o rapé da Tia Grippa, que tanto lhe pediu? Tio Acraud, encontrou os castiçais de vidro? Tio Gonfil, trouxe os livros?

(cont.)


[e então, acham muito consumista? não sejam assim, as crianças são iguais em todo o lado. a critica do machismo até entendo, as mulheres a trabalhar no duro e os heróis a correr mundo... mas a história continua, não sejam tão intolerantes, é quase natal.]