20.2.16

eu, Sísifa, me confesso

Sísifo nunca tinha encontrado na vida um prazer comparável ao gozo de ver a pedra rolar pelo barranco abaixo e soltá-la no momento em que pudesse assustar qualquer sombra desprevenida a passear pelo vale. Com esse tão variado divertimento conseguia assim que o seu trabalho se convertesse no automatismo de uma acção reflexa (nome que, segundo entendo, os homens de ciências atribuem a todos os actos que executamos sem pensar). 

J. L. Borges e Bioy Casares, Livro do Céu e do Inferno