16.1.16

humanista

não sou feminista, sou humanista, luto pelo respeito ao ser humano. sou pela igualdade de oportunidades, não pela igualdade de géneros, porque não creio que se possa/deva igualar o que não é igual. não significa isto que não saiba quão desiguais têm sido, na maioria das vezes, as oportunidades para as mulheres e que muito do trabalho a ser feito deverá ser em prol delas. (a não esquecer que parte desse trabalho cabe também às mulheres).

feita a introdução, que vale o que vale - e muito vale para mim -, pergunto-me, depois de ler algumas das posições que correm pela internet - e que fique claro, de que todos e cada um têm direito à sua -, o que faz uma mulher afirmar que não é feminista porque não quer ter de pendurar quadros na parede... sei quão injusta posso estar a ser, não revelando a fonte, e correndo o risco de desvirtualizar o resto do texto (não), mas são apenas estas palavras - e a ideia monstruosa de preconceito que transportam - as que me interessa observar. que se diga que não se tem jeito ou vontade para trabalhos manuais, aceito e respeito - o mesmo acontece com as tarefas domésticas -, mas isso nada tem que ver com géneros. eu, por exemplo, detesto limpar, por isso, pago a alguém para o fazer, coisa que não fiz, quando foi preciso pendurar os quadros (e os candeeiros), agarrei no berbequim, escolhi a broca certa, (basta ver o tamanho das buchas) e lá subi eu, feliz da vida, ao escadote. não me lembro se o fiz calçando um belo par de sapatos de salto alto, mas pode muito bem ter acontecido - não fosse alguém julgar que não estou contente com a minha condição feminina.

gracejos à parte, combata-se o preconceito, respeite-se e ajude-se a maternidade/paternidade, puna-se - no tribunal e na opinião pública - a violência doméstica/pública/e afins, e metade do trabalho estará feito. sei que não é fácil, que o mundo não é apenas a europa, - e mesmo a europa, não é apenas paris, londres ou berlim. mas essa idolatria às palavras/conceito, surgidas em sede própria, com tiques de guerrilha, serve mesmo para quê?