17.10.15

Angry birds, por Mãe Preocupada

«As prostitutas da zona industrial, vazadouros de esperma, taras e solidão, também investem os tempos de pausa a dedilhar febrilmente no telemóvel.
Num exercício de imaginação, sento-me eu numa das suas cadeirinhas de lona, na berma da estrada, não sei há quantos anos estou a olhar para a mesma mata de eucaliptos com a humidade a roer-me os ossos, sou velha antes do tempo, tenho vícios, resignações, carnes frouxas, talvez não me lembre de a vida ser outra coisa nem sei do que será amanhã, se morro às mãos de uma besta desvairada, se me torno mãe de homens feitos que nunca pari. E neste tempo suspenso, neste abandono à margem do caminho, nesta desesperança crónica que não mata mas mói, cruzo a perna balofa, fumo um cigarro, tiro o telemóvel e acredito que os minutos voam enquanto extermino porcos de riso alarve com passarinhos a quem assaltaram o ninho.»

todos os elogios que lhe poderia fazer, são pequenos, para descrever o quanto gosto de a ler.